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Foto do escritorMurillo Lima

A História do Setor Agrícola e Suas Inovações


A agricultura é um dos setores econômicos mais antigos e um dos primeiros a se organizarem possuindo grande impacto na vida das pessoas. Com o conhecimento sobre as tarefas do campo passadas de pais para filhos, principalmente em pequenas e médias propriedades, a agricultura é um campo que pode ser explorado no área da inovação voltado para novos negócios.


Mas para isso, precisamos voltar ao tempo e tentar compreender como o setor funciona e como inovou ao longo dos anos, com o desenvolvimento de novas técnicas e novos equipamentos. O homem, desde seus primórdios no período neolítico, domina o cultivo da terra. Umas primeiras inovações foram a domesticação tanto de plantas quanto de animais (MAZOYER; ROUDART; FERREIRA, 2010), ajudaram o ser humano a vencer as primeiras barreiras da agricultura, melhorando a qualidade alimentar e em consequência sua saúde. Nesta época o ser humano utilizava como equipamentos, artefatos feitos de madeira e pedras polidas, tais como machados, facas e moendas para trituração de grãos (MAZOYER; ROUDART; FERREIRA, 2010).


Uma das primeiras civilizações a lidarem muito bem com os processos de agricultura foram os egípcios, aproveitando-se grande oferta de água provinda do Nilo. O ano do antigo agricultor egípcio se iniciava no mês de novembro, quando o nível das águas do rio Nilo começava a baixar. Era neste momento que os camponeses começavam a cavar o solo compacto para a semeadura. Os campos eram arados e as sementes lançadas e com a ajuda dos animais, através do pisoteio, eram enterradas no solo húmido e rico em nutrientes. A principal plantação era de trigo que eram colhidas nos meses de março e processada, novamente aproveitando do pisoteio dos animais, que liberavam os grãos da casca (MILLARD, 1975).


Os egípcios possuem grande conhecimento em como utilizar as vantagens hidráulicas produzidas pelo Nilo, devido às cheias anuais, porém utilizam uma espécie de guindaste, feitos de madeira e cesto, chamados de shadufs, para na época de seca e baixa do rio, para transportarem água para as plantações, que quando utilizados em pares poderiam elevar água retirada do rio por até três metros (BAINES; MALEK, 1980).


Além dos shadufs, os antigos egípcios também utilizavam arados de madeira tracionados por animais, foices, cestos de palhas e uma roda elevatória feita de madeira e conduzida também por animais, utilizada para retirar água de poços através vasilhas de barro amarrada a cordas (MAZOYER; ROUDART; FERREIRA, 2010).


Na idade média começaram a ser desenvolvidas as primeiras culturas de hortas, pomares e vinhedos, através do cultivo de leguminosas, hortaliças, plantas têxteis como o linho e o cânhamo, plantas oleaginoas e forrageiras (MAZOYER; ROUDART; FERREIRA, 2010). Ainda segundo os autores, foi na idade média que começou a se utilizar equipamentos mais pesados, capazes de transportar até 16 toneladas utilizando-se de equipamentos tracionados por animais como: carroças e carroções, carroças basculantes, arados feitos através da manipulação do ferro, além da construção de estábulos.

A idade média também foi importante para o desenvolvimento do comércio de produtos agrícolas, o desenvolvimento e exploração do solo com o descobrimento de novos continentes pelos europeus, através das grandes navegações, que tinha como objetivo principal chegar até as índias. Nestes novos continentes, grandes produções foram estabelecidas.


A mecanização do campo iniciou a partir do século XIX, período que coincide com a segunda revolução industrial, onde também ocorreu a mecanização das industrias. Nesta época foram desenvolvidos o arado mecânico, o semeador, a ceifadeira mecânica, limpadores de grãos, moedores e picadores e o desenvolvimento das primeiras colheitadeiras (MAZOYER; ROUDART; FERREIRA, 2010).

Ao longo do século XX, tais equipamentos foram sendo modernizados, e a partir dos anos 90, a tecnologia da informática, do GPS e da internet, porém sempre focados no desenvolvimento destes equipamentos. Entretanto inovar não é apenas o desenvolvimento de novos equipamentos. Inovar vai muito além disso, e é necessário desenvolver o potencial de novos negócios aproveitando-se do momento da transformação digital onde a verdadeira inovação disruptiva deve gerar valor para os usuários, principalmente com a utilização combinada de equipamentos e o uso da inteligência artificial, a aprendizagem de máquinas, a internet das coisas e o big data (ROGERS, 2017).


A aplicação de drones na agricultura já é uma realidade, combinada com a análise de dados, gerando um uso mais eficiente da água e fertilizantes; o uso de softwares de gestão inteligentes (ERP e CRM combinados com inteligência artificial); desenvolvimento de novos negócios, aproximando o agricultor do consumidor final, reduzindo a cadeia produtiva e garantindo rastreabilidade e qualidade do produto; a utilização da aprendizagem de máquinas na produção de café para controle de ferrugens são alguns das inovações que podem ser utilizadas no campo e que vão além do desenvolvimento de uma nova máquina (ANGELOV; IGLESIAS; CORRALES, 2018; SCHWAB; MIRANDA, 2018; ZUIN; QUEIROZ, 2019).


Para que tudo isso possa acontecer, é importante que o conhecimento tácito do homem do campo seja transformado em conhecimento explícito. Sendo assim, são notáveis as diversas formas de aquisição do conhecimento e a construção de artefatos voltados para a representação do conhecimento neste processo.


A utilização da inteligência artificial, da aprendizagem de máquinas e da internet das coisas, será amplamente utilizada em diversos campos de trabalho e será parte importante do desenvolvimento nos próximos anos e o setor agrário não pode ficar fora desta, que é a quarta revolução industrial.

Todos estes sistemas irão ajudar na tomada de importantes decisões, não substituir o homem completamente. Temos que lembrar que ao longo do desenvolvimento tecnológico, e digo isso pensando nos primórdios da civilização humana, muitas profissões despareceram; outras se aperfeiçoaram; e muitas outras sugiram! Então não tenhamos medo de mudar.



Referências:

ANGELOV, P.; IGLESIAS, J. A.; CORRALES, J. C. (ed.). Advances in Information and Communication Technologies for Adapting Agriculture to Climate Change. Cham: Springer International Publishing, 2018. v. 687.


BAINES, J.; MALEK, J. Atlas of Ancient Egypt. New edição ed. New York, N.Y: Checkmark Books, 1980.

MAZOYER, M.; ROUDART, L.; FERREIRA, C. F. F. B. História das agriculturas no mundo: Do neolítico à crise contemporânea. 1a edição ed. São Paulo; Brasilia: Editora Unesp, 2010.


MILLARD, A. The Egyptians. London: Macdonald Educational, 1975.


ROGERS, D. L. Transformação Digital: repensando o seu negócio para a era digital. 1a edição ed. [s.l.] Autêntica Business, 2017.


SCHWAB, K.; MIRANDA, D. M. A Quarta Revolução Industrial. 1a edição ed. [s.l.] Edipro, 2018.


ZUIN, L. F. S.; QUEIROZ, T. R. Agronegócios: Gestão, inovação e sustentabilidade. 2a edição ed. [s.l.] Saraiva Uni, 2019.



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