As duas frases, “sair de dentro da caixa” e “pensar fora da caixa” já foram ouvidas com certeza por aqueles que trabalham ou são interessados pelos temas sobre inovação e transformação digital. Sempre que se fala em inovação se diz que é necessário “pensar fora da caixa”, inclusive o canal Globosat Mais produziu uma série, muito bem realizada, utilizando esta frase como título, onde apresenta pessoas que pensaram fora da caixa e inovaram em suas vidas e trabalho (foi lá que conheci o fantástico Pedrinho Salomão!).
Pensar fora da caixa quer dizer que temos que sair da “caixa” imaginária que estamos e ver o que há de novo fora dela. Mas será que inovar é somente pensar fora da caixa? Será que mesmo olhando fora da caixa ainda estamos limitados pelos obstáculos colocados pelo mercado, nossos medos e até mesmo obstáculos criados pelas organizações das quais fazemos parte? Você pode sair de dentro da caixa e ficar limitado às paredes do seu escritório!
Lembro que nas aulas de filosofia dos dois cursos superiores que já cursei, sempre nos foi apresentado o Mito da Caverna de Platão (também conhecido como A Alegoria da Caverna). Escrito por Platão, o mito consiste da intenção filósofo-pedagógica pretendendo exemplificar como o ser humano pode se libertar da condição de escuridão, que o aprisiona, por meio da luz da verdade, em que o filósofo discute sobre teoria do conhecimento, linguagem, educação e sobre um estado hipotético.
Prisioneiros acorrentados no interior de uma caverna, sem poder mover-se, são forçados a olhar somente para a parede do fundo da caverna, sem poder ver uns aos outros ou a si próprios. Atrás deles existe uma fogueira, separada deles por uma parede baixa, onde pessoas carregam objetos com representações de homens e outros seres viventes. Os prisioneiros não podem ver o que se passa atrás da parede e enxergam apenas as sombras das formas projetadas ao fundo da caverna. Pela parede também é possível escutar sons que os prisioneiros associam com as formas da sombra, acham que estes sons vem delas, concluindo assim, que estas sombras projetadas são pessoas e animais reais. Se um prisioneiro conseguir se libertar ele poderá ver a fogueiras as formas representando seres humanos e animais, uma nova realidade será criada em sua mente.
Inovar é criar uma nova realidade, é sair de dentro da caverna, sair de dentro da caixa, e sair das paredes do seu escritório, é sair para fora dos muros da sua organização e olhar não somente para o seu concorrente, mas também para outros setores. É aprender, absorver, criar novo conhecimento e transmiti-lo, assim como o modelo SECI de Nonaka e Takeuchi. O que a indústria aeroespacial pode contribuir com a área da saúde? O que as engenharias podem contribuir com as áreas de gestão? Como o direito pode ajudar a melhorar a educação?
Quando você se liberta e consegue ver e aprender com o que existe fora da sua “caverna” diária, até mesmo da sua sala de aula, é possível idear, pensar em novas soluções, voltar para dentro da caverna e mostrar para os outros aprisionado que existe uma outra realidade, melhor do que o que estamos acostumados tornando possível a realização projetos realmente transformadores.
O grande problema pode ser o costume, a acomodação diária, e talvez a falta de incentivo da sua organização em inovar, assim você consegue até olhar fora da caixa, o que seria o mesmo espiar por cima da parede e ver a fogueira e tudo o que há lá, mas o medo ou até mesmo o seu líder tradicional pode te empurrar para dentro dela de volta não te permitindo aprender e desenvolver novos projetos dentro da sua empresa.
Com isso a dica que eu dou para que aqueles que querem inovar: não saiam somente fora da caixa... saiam da caverna, aprendam não somente com seu concorrente, mas com outras indústrias e façam algo novo, realmente inovador!